quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Som do coracão


Sou um apaixonado por cinema e tenho convicção que “7ª arte” é com certeza uma adjetivação merecida deste seguimento da comunicação e entretenimento, mas confesso que a muito venho me decepcionando ao término das sessões.

Posso garantir-lhes que não sou um crítico, e nem mesmo sou um cinéfilo ávido por erros ou perfeição, talvez um gosto refinado, mas mesmo desprendido de todas as análises imagéticas e técnica , ao final sinto-me lesado pelo tempo que perdi diante de histórias tão ruins ou idiotizadoras.

Mas, felizmente existem ainda obras primas como o filme “Som do Coração” (August Rush, 2008).

Uma história inteligente, inusitada, simplesmente fantástica. Vivemos num mundo muito visual, ninguém melhor que um fotógrafo para falar disso, mas não podemos nos deixar envolver somente por imagens, pois temos outros sentidos tão bem elaborados quanto à visão.

Neste trailer o som e a música tornam-se os fios condutores da trama, que tem como pano de fundo uma linda história de uma família contemporânea, pois trata-se de pais bem jovens que possui além da esperança , um dom magnífico para música.

Fico impressionado diante de uma história tão bem construída, que prende a atenção do telespectador do início ao fim, isso com a incrível façanha de não utilizar-se de mega efeitos especiais, costumeiramente hollywoodianos.

Saber que todo aquele enredo foi idealizado por algumas mentes, que diria brilhantes, como da diretora irlandesa Kirsten Sheridan (filha do diretor Jim Sheridan) me deixa muito satisfeito pois ainda existem artistas de verdade , dispostos a escreverem seus nomes nas galerias da verdadeira arte cinematográfica .

Um elenco notável formado por um famoso “bonzinho” como Robim Willians dessa vez, interpretando um mau caráter (Wizard). E os personagem principais pouco conhecidos, como Freddie Highmore (August Rush) , protagonizando um jovenzinho de orfanato, em busca dos seus pais, que percebe na música a esperança desse reencontro. Com uma atuação impecável e envolvente ao ponto de além de torcer por ele do início ao fim, não contermos as lágrimas com sua interpretação.

E têm mais, a dupla de jovens atores Keri Russel (Lyla Novacek), Jonathan Rhys Meyers (Louis Connelly) fazem os pais, que a partir de um lindo e único momento juntos, mudam suas vidas e traçam caminhos distantes, sintonizados apenas pelas lembranças e pela melodia daquele instante mágico.

No elenco não menos importante atuam ainda os atores coadjuvantes Leon G ThomasIII (Arthur), Terrence Howard (Richard Jeffries), Jamia Simone Nash (Hope), William Sadler(Thomas), Alex O’Loughlin (Marshall), Aaron Staton(Nick), Jamie O”Keefe (Steve).

Sem dúvida um dos melhores filmes do ano, ideal para quem busca histórias comoventes, inteligentes e inspiradoras, sem contar é claro perfeito para os amantes dessa fusão entre a arte cinematográfica associada ao poder da música em nossas lembranças, tanto de infância, quanto de momentos inesquecíveis que tivemos.
Elenco:
Freddie Highmore - Keri RussellJonathan Rhys Meyers - Robin WilliamsLeon G. Thomas III - Terrence HowardJamia Simone Nash - William SadlerAlex O’Loughlin - Aaron Staton
Direção: Kirsten SheridanProdução: Richard Barton Lewis
Fotografia: John Mathieson
Trilha Sonora: Mark Mancina
Duração: 100 minutosGênero: Drama

Sejamos focas e não abutres!


O filme A Montanha dos Sete Abutres, de 1951, do diretor Billy Wilder, com atuação de Kirk Douglas, é um clássico que evidencia e satiriza um péssimo exemplo de jornalista, na figura de Chuck Tatum. Embora tenha sido produzido na década de 50, o filme trata de um tema que se mantém atual e nos possibilita algumas comparações.

No meio jornalístico, a palavra “foca” além de tratar de um mamífero, com jeito amigável e meio desajeitado, é também o apelido dado aos recém-formados na profissão, os mais ingênuos, que se deslumbram com as primeiras pautas, que ainda não possuem a malandragem e a influência dos experientes profissionais.

Abutres são aves de rapina, necrófagas, ou seja, que se alimentam de animais mortos, e embora seja uma comparação muito agressiva, são como os jornalistas espertalhões, manipuladores e sem ética que utilizam desgraças alheias para conseguirem as primeiras páginas.

Tatum é um estereótipo de jornalista sabichão, um verdadeiro abutre ávido por um fato que pudesse colocá-lo de novo no auge e quem sabe lhe render um Pulitzer, (prêmio máximo do jornalismo). Ele dá um verdadeiro exemplo de jornalismo sem ética e sem princípios. Percebe-se o lado podre do jornalismo, quando Chuck utiliza o quarto poder para persuadir seu parceiro, manipular as autoridades locais, os fatos, uma esposa insatisfeita e acima de tudo sensibilizar o povo, através de sua trama.

O jornalista transforma um fato num verdadeiro jogo de interesses, usa o sensacionalismo como principal ferramenta de trabalho, e em prol de seus objetivos coloca em risco uma vida, preocupando-se apenas em “furar” os concorrentes da categoria e recuperar seu prestígio no meio.

Atualmente , atitudes como as de Tatum são tão corriqueiras, que chegam a parecer algo natural. Encontramos na capa de jornais manchetes e fotos supervalorizadas para atrair exclusivamente pelo forte impacto visual.

Na política vive-se um caos e a cada dia mais revelações bombásticas são divulgadas. O grande problema é que muitas são obtidas por meios ilícitos, com repórteres disfarçados, munidos de câmeras escondidas, microfones ocultos e até grampos telefônicos. Reportagens produzidas por jornalistas que ao invés de fazerem seu papel de apurar, atuam como polícia investigando e infringindo o direito de muitos cidadãos. Num primeiro momento, as denúncias são vistas como um exemplo de jornalismo, mas, no entanto, a forma como foram extraídas cerceiam o direito de liberdade e de privacidade.

Jorge Claudio Ribeiro, jornalista e professor da PUC(SP), ressalta que muitos jornalistas, na ânsia de se sobressair frente a seus empregadores, ultrapassam os limites da ética, quebrando o sigilo das fontes, invadindo a privacidade de pessoas e inventando acontecimentos.

E quando o assunto é segurança, crime organizado e narcotráfico, percebe-se um louvável empenho dos jornalistas em fazer suas reportagens em meio a linha de fogo entre traficantes e policiais, bem como adentrar em favelas dominadas pelo crime em busca de informações reveladoras ou mesmo de prestígio diante dos colegas, como aconteceu com o jornalista Tim Lopes.

O jornalista Ricardo Noblat, afirma que uma matéria jornalística não vale a vida de uma pessoa. Por maior que seja a obrigação do jornalista de informar bem o público, ele deve respeitar o limite, para não perder a própria vida. Noblat enfatizou que o limite da vida é também o limite da ética.

Outro problema são os profissionais que utilizam seus espaços midiáticos para beneficiar seus padrinhos políticos ou para derrubar de maneira caluniosa, seus adversários ideológicos. Isso sem contar os que aproveitam a representatividade dos veículos e sua credibilidade com o público para obter uma grande fatia publicitária, inserindo-as em meio as matérias jornalísticas.

A ética é parte vital nos jornalistas, uma virtude que precisa crescer com o profissional, como o caráter que é formado desde a infância. É primordial que um baixo piso salarial e os interesses políticos das empresas jornalísticas, não corrompam a vontade de mudar e de manter-se no mercado de trabalho como focas e não como abutres, que fazem da ética uma utopia.

A montanha dos sete abutres (Ace in the Hole) Roteiro: Walter Newman, Billy Wilder e Lesser SamuelsDireção: Billy Wilder Duração: 111 minutosGênero: Drama
 
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